Olho-me ao espelho,
enredo de lâmpadas e chamas do outro lado
na tontura de melodias às avessas
dos cristais do ruído...
Olho-me ao espelho
e vejo-me a cantar
-sim, a cantar!-
com três bocas na cara,
quentes do entusiasmo vazio
dos violinos do silêncio...
(Homens: porque não nasci apenas no espelho,
sem alma deste lado?)
José Gomes Ferreira
Poesia I
1948, ed. Portugália
imagem de Julião Sarmento
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