O QUARTO DESARRUMADO
Seis anos depois do último álbum dos Everything But The Girl, treze anos depois de dar voz a "Protection" e "Better Things" dos Massive Attack, e vinte e cinco anos depois do seu primeiro álbum a solo, Tracey Thorn lança, de repente, "Out Of The Woods". O seu primeiro álbum a solo, que muita gente desconhece, foi lançado em 1982, com o nome de "A Distant Shore". Sendo uma espécie de solo, em que a voz de Thorn fazia suaves duetos com a guitarra acústica, quem o conhece, e agora ouve "Out Of The Woods", pode reparar logo numa coisa: este álbum tem um som muito mais 80´s do que "A Distant Shore". O facto do debut ser a tal gravação voz/guitarra e de "Out Of The Woods" ser mais diversificado, pode contribuir, mas a verdade é que estas compoisções nos transportam com mais rapidez para os anos oitenta. Nada contra. Nada contra, porque, na verdade, este segundo álbum da vocalista dos Everything But The Girl é bastante bom. A tal diversidade nos instrumentos ajuda a criar uma sonoridade que, no resultado, é mais intimista. As canções parecem fechar quem ouve num pequeno quarto, um quarto desarrumado, com muita coisa escondida no meio da desarrumação, tal como nos mostra a capa. Os arranjos são calculados ao milímetro, com pequenos pormenores que, sinceramente, não seriam de esperar em Tracey Thorn. Acontece, por exemplo, em "Easy", e ainda bem. Ora, "Easy" é, precisamente, uma das melhores canções do álbum, criada no ponto rebuçado entre os ritmos dançáveis de "It´s All True" ou "Get Around To It" e os sons mais melodiosos de "Here It Comes Again" ou no excelentíssimo "A-Z". Logo depois, esses sons inesperados surgem-nos de novo em "Falling Off a Log", outra das melhores canções do álbum, certamente, produzida também na linha do ponto rebuçado da anterior.
No meio dessa decisão de enveredar pelos eighties, Tracey só falha por questões de alinhamento, uma vez que as baladas, ao surgirem no meio de canções mais dançáveis, parecem ser rapidamente apagadas.
As letras vagueiam entre narrativas pessoais e mensages, como a "palavra de esperança" que deita aos adolescentes gays em "A-Z".
Alegou que este álbum é exactamente isso, este álbum, e que não terá promoção ao vivo. Thorn decidiu escolher a vida familiar á vida dos palcos, e quem somos nós para a julgar? Mas é pena, porque algumas canções mereciam mesmos ser colocadas ao vivo.
Sem um disco perfeito, ainda assim, Tracey Thorn fez um disco muito bom, e isso é, claro, muito bom. Vinte e cinco anos fazem a sua diferença, ainda que aqui pareça ao contrário.
Veredicto Final_ 17/20
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