Afastado dos escaparates desde "Backstroke", em 2004, Matthew Dear regressa com "Asa Breed", finalmente. Classificado com indecisão como música electrónica, house minimalista, downtempo, etc, etc, etc (A história do costume.), Matthew consegue, agora, o seu melhor álbum, qualquer que seja o ponto de vista de que olhamos o seu trabalho, no conjunto.
"Asa Breed" começa com "Fleece On Brain", a um ritmo viciante, adornado com os barroquismos habituais em Dear, a repetição, a polifonia, e um certo ambiente caótico, tudo existindo á volta da sua voz, gutural e cavernosa. E é nestes conceitos que este trabalho se movimenta, mas sem que cada faixa se torne simplesmente mais do mesmo.Em relação á estética da repetição quase psicadélica das notas, ela resulta bem, porque, sem dúvida, envolve-nos na canção, e leva-nos a conhecê-la rapidamente, e, logo, a aderir a ela. Acontece, por exemplo em "Shy" onde a construção, perfeita, cresce á volta da repetição não só de determinadas notas como dos sons electrónicos que as produzem, e também na letra. A questão das letras aqui também deve ser referida, porque, em comparação a "Leave Luck To Heaven" e a "Backstroke", "Asa Breed" apresenta as letras mais cuidadas, e, consequentemente, mais bem escritas, até porque, de qualquer forma, se adptam perfeitamente aos conceitos musicais do álbum.
A ultilização que Matthew faz dos diferentes samplers neste álbum pode, por vzes, deitar por terra as opiniões que lhe atribuem a house minimalista. Não é que seja tão maximalista como Bjork, mas certamente utiliza mais sons do que habitualmente, o que, por sinal, foi uma boa opção, uma vez que ajuda a diversificar a sonoridade, no total, e também individualiza um pouco o álbum, em relação aos anteriores.
Tudo isto resulta, realmente, numa sonoridade mais temperametal, que prima por saír dos canones da música house como ela é feita normalmente. Aproxima-se, por vezes, mais da electropop do que daquilo que tinha feito até agora. Em certas canções, o ritmo á maioritariamente dançável ("Neighbourhoods" ou o primeiro single "Deserter".), noutros, é principalmente um agradável caos, ou uma deliciosa psicose ("Elementary Lover", "Will Gravity Win Tonight".).
A voz, por fim, é também abordada como uma voz que realmente canta, no sentido literal da palavra, muitas vezes, afastando-se ligeiramente do hábito de Matthew de, principalmente arrastar e sussurrar.
Um álbum digno de ouvir, pois claro, por mais que não seja, para celebrar o Verão e as noites típicas... não que uma coisa implique a outra, claro.
Veredicto: 17/20
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