É pouco recente o início da carreira de Larry Cohen. Os seus filmes, frequentemente ligados ao cinema de terror, contam com um apurado e subtil sarcasmo, como vimos acontecer com "God Told Me To" (1976) ou o mais famoso "It´s Alive" (1974).
Com "Pick Me Up", a média com que participou em "Masters of Horror", Cohen regressa a essa fina ironia. Adaptando um conto de David Schow, Cohen mostra-nos uma excursão pela montanha, sendo que o autocarro sofre uma avaria. Com os excurcionistas parados na estrada, cedo nos confrontamos com um caminhante, Walker (Warren Cole) e com Wheeler (Michael Moriarty), um camionista que dá boleia a alguns dos viajantes. Cedo se torna evidente que tanto Walker como Wheeler são assassinos em série e, ainda que não se conheçam pessoalmente, conhecem o "trabalho" um do outro, que analisam num misto de fascínio e inveja.
De entre os excursionistas, só Stacia (Fairuza Balk) decide não confiar em ninguém e, enquanto tenta resolver a sua situação, vai a pé até ao motel mais próximo. É portanto ela quem sobrevive mais tempo. Quando apenas ela resta, torna-se o alvo de ambos os assassinos pois, para todos os efeitos, será a morte dela o desempate entre os dois.
"Pick Me Up" é sem dúvida um dos melhores filmes desta saga. Em primeiro lugar, Cohen convoca uma série de clichés dos filmes de assassinos em série, como forma de os tornar evidentes. Mas, em vez de se limitar a expô-los, dá-lhes uma nova vida, que depende essencialmente da ironia, como acima dizia. Estão aqui o assassino nojento em que nunca confiaríamos, bem como o sexy-mother-fucker em quem também não se pode confiar. E o fascínio mórbido que têm um pelo outro nada deve ao fascínio que temos pelos requintes de malvadez que nos mostram neste tipo de filmes.
Se há aspectos negativos a apontar a este filme, eu apontaria o final que, apesar de fazer algum sentido, poderá possivelmente parecer algo inusitado.
A única dúvida com que fico é se me deva referir a "Pick Me Up" como um filme de terror, pois não são raros os momentos em que podemos vê-lo mais como uma espécie de filme de humor negro, realmente muito sádico.
Mas essa questão é secundária. Importa muito mais dizer que é um bom filme, dos melhores de "Masters of Horror".
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