quarta-feira, 15 de abril de 2009

um poema


Como rebuscar na memória
esse nomear das coisas uma a uma
tão distantes já passado nostalgia
a carne doendo se persisto agonia?



As dores as sofridas solidões os amores
a inefável pertinácia da floresta
rés de angústia meu olhar desassombrado
de animal perdido a coberto do silêncio.



Cerce a chana doente ardendo
tão longe longínqua a cidade dos acasos
das inconsúteis planuras desse país
vergastadas de medo no mapa-mundi da infância.


Deste lado agora definitivamente
como calar os embondeiros rasgados a sangue
nas veias traços minuciosos nas margens
do papel por desfastio? gangrena farpas.



Como o pasmo de sempre correr à frente do tempo
laboriosa busca dos sintagmas perdidos
tão longe tão remota eu em distante país.






Wanda Ramos
Poe-Mas-Com-Sentidos
ulmeiro, 1986
imagem: Floria Sigismondi

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