quarta-feira, 21 de maio de 2008

contratempo [poema(?) escrito enquanto eu não tinha paciencia para ouvir uma aula]

O tempo urge. Doi-me. Doi-me. Quero-te mais do que posso. Perco-me. O tempo passa. Tu, porque ficas? Porque não corres para fora do meu peito? Tanto te quero sentar á minha frente, dizer-te estas coisas. "Quero-te tanto que não te sei querer."


Maio. 2008
(última frase com referência a "Memória de Elefante" de António Lobo Antunes, "amo-te tanto que não te sei amar" (1979))

5 comentários:

Anónimo disse...

é lindo e dramático.

INSUPORTÁVEL.O sentimento de uma acumulação de sofrimentos de amor explode neste grito: "Isto não pode continuar."
FRAGMENTOS DE UM DISCURSO AMOROSO de Roland Barthes

Supermassive Black-Hole disse...

tenho que ler esse livro do Barthes.

percebe-se mesmo isso? é que era um duplo grito de "isto nao pode continuar", primeiro por mim, e segundo pela aula...

Anónimo disse...

a tua inteligência não me surpreende no desvio da razão.
Sei perfeitamente que és um peixe da profundidade, da treva e aparentemente solar.
Não existe aula nenhuma que possa contrabalançar com a força do teu desejo.
Todas serão "insuportáveis".
O poema é perturbante.
Um beijo

Supermassive Black-Hole disse...

suponho que estou perturbado.

Anónimo disse...

O menino João está a dar luta.
Perturbado não diria, pode ter conotações clinicas e não é o caso. Mas flechado pelo Cupido é uma boa alternativa.
Deste poema não comento mais.
Afinal, ainda estamos na Primavera...
Para quem não saiba, que duvido, o cupido é o deus do amor, representado por um menino alado, munido de arco e flechas.