como que se constrói a solidão
altissonante e invisível
nos descaminhos da inconsciência
se tranquilo te afogas no sono
não sendo ainda palpável a madrugada
indo a cidade a meio da noite
vazar seus contornos de lixo
seus estertores de vasa e lodo
a cada esquina em cada descampado
_ é cedo um círculo insolúvel de luz
persiste horas adentro
nesta mesma folha de insónia
que tão pérfida se faz silêncio
ah hão-de os meus braços tolher
a vibração dum grito amanhã todos os dias.
Wanda Ramos
Poe-mas-com-sentidos
1986, ed. Ulmeiro
imagem: Archizoom
Sem comentários:
Enviar um comentário