domingo, 13 de janeiro de 2013

[Um fragmento]


    Sentada
no adro, vejo a igreja de São Martinho aberta,
mas tão aberta
que a Física explode. O ar é puro. O ar é raro. De uma grande raridade humana por entre as árvores de que preciso saber os nomes. O lápis corre rápido com o que tem a dizer ao espaço vazio que lá dentro guarda o segredo do humano
escreve rápido, pede-lhe o ar

bem-aventurados os alucinados, porque deles será o real
bem-aventurados os desiludidos, porque neles o pensamento se fará humano
bem-aventurados os corpos que morrem, porque deles será a sensualidade do invisível
bem-aventurados os desesperados, porque deles será a restante esperança
bem-aventurado sejas tu, ó texto, porque nos abres a geografia dos mundos
bem-aventurada sejas tu, ó Terra, porque tua será a explosão que levará o vivo a todo o Universo.

   Imóvel, fico-vos a olhar, Teresa, ou Hadewijch,
mas vós não vos inquietais,
correis sobre o vivo _e arrastando o vivo que vos investe.
Peixes, no rio do tempo.
    A figura intermédia, pelo ler saudada,

é o vosso Joshua.

Maria Gabriela Llansol
Ardente Texto Joshua
1998, ed. Relógio d'Água
pintura de El Greco

1 comentário:

Mirna disse...

É ótimo o que foi escrito sobre a obra de El Greco. É muito esclarecedor. Excelente publicação. Eu a vi uma vez. Eu viajei com meu marido. A única coisa que importava para ele era comprar perfumes perfumes cacharel e todas as marcas em NY.