Lua branca da madrugada
pousaste teu cinto na terra
e o mar te veio buscar.
Já lá estavas, de lá enviaste
as palavras que um tempo
fora do tempo te tinha dado
e nós à espera desse momento
alado, em que as tuas letras transformassem
linhas pretas num campo iluminado.
Agora estás lá dentro, agora desde que a lua
e o mar se unem e fazem as marés
mas só alguns o sabem, tu soubeste e
nisso és.
Voltaste à terra branca, e na cidade
um sino bate a hora como se o dia
de hoje apagasse um foco incendiário.
Teu fogo porém vivo, é de outra chama
e a cama onde te deitas, doutra cambraia
e a praia onde te banhas, de outra
água.
Lídia Jorge
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