O excesso
que de ti acumulo, como se o mundo fosse apenas caos
mal, catástrofe, leva-me a questionar que sentido
tem, nele, o caldo cultura
onde esvoaçam as borboletas
de Nabokov.
O da fusão do negro
fogo?
Outubro. Outubro.
Calcinado.
De vermes contaminando as flores que, no deserto,
crescem bíblicas
e ásperas.
Quantas vezes me fizeste morrer de incêndio
e susto: do colapso
aguardado?
Colapso. Colapso.
Foi o que provocaste.
Constrição.
Vulnerabilidade.
Mas olha as térmitas que se alimentam da noite
e diz-me, animal predador, o que é o perigo? Que perigo corro,
e porque corro para o perigo de te ler em escuras,
em viscosas águas,
onde tudo acontece terminal: uma osga,
uma carraça,
e na loucura que contamina o calor raivoso
deste Outubro.
Ossos de ouvido, tragam-me de novo
os dias curtos e felizes da chuva _os dias quer da razão
quer do real.
Eduarda Chiote
O Meu Lugar à Mesa
2006, ed. Quasi
pintura de Francis Bacon
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