Pouco se fala já desta mulher invulgar e discreta. Os nossos admiráveis críticos literários preocupam-se, na sua maioria, com muitas coisas, mas não com literatura. Os amigos, os interesses e a criação e manutenção dos mitos de si mesmos são prioritários, como sabemos desde sempre. Não surpreende, assim, que a morte dos escritores assinale também o seu desaparecimento desse universo literário, que deveria ser sensível mas é principalmente interesseiro.
Assim com Maria Ondina Braga, cuja morte em 2004 arrastou para um muito injusto esquecimento. Valha-nos haver ainda leitores que não a esquecem e uma cidade, Braga, que faz por recordá-la. José António Barreiros, autor do blog dedicado à escritora, chama a atenção para o Espaço Maria Ondina Braga, inaugurado ontem e que peca apenas por tardio.
Este espaço, simbólico, funciona na Rua Central, ao lado da casa onde nasceu Maria Ondina e nele podemos ter acesso a alguns objectos e a parte do espólio da escritora, a expandir nos próximos tempos. Será certamente uma das minhas visitas, a próxima vez que regressar à cidade onde nasceu Maria Ondina, e onde nasci eu também, muitos anos depois dela. Louve-se a iniciativa, e esperemos que este espaço possa contribuir, pelo menos um pouco, para manter viva a memória desta escritora que, como poucos, soube falar da humanidade com a voz discreta mas firme que exigem todos os assuntos verdadeiramente importantes.
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