O aguardado regresso dos Lamb a Portugal contou com três concertos, no Algarve, em Lisboa no Porto. Aquele a que assisti, no CCB é, de facto, merecedor de algumas notas.
Para alguém como eu, um concerto destes só pode ser boa notícia. Não só porque "5" me pareceu um bom retorno da banda, pelo qual valeu a pena esperar seis anos, como porque detesto os santos populares e um concerto destes é uma excelentíssima alternativa.
Depois da primeira parte, entregue a Jay Leighton, os Lamb entraram no palco acompanhados apenas por Jon Thorne, contrabaixista. Lou Rhodes vinha, claro, lindíssima, ela sim, verdadeiramente angelical, e Andy Barlow bem-disposto, como esperaria qualquer um que já tenha assistido aos Lamb ao vivo.
A entrada em palco foi feita com Another Language, o tema que abre "5". A escolha não podia ser mais acertada. Um regresso depois de um hiato em que os Lamb anunciaram o seu fim, não pode senão marcar-se pela busca de algo novo; e essa ideia fica muito bem explicada por esta canção.
O álbum "5" seria o protagonista da noite, contrariando a tendência natural da revisitação dos clássicos, que até seria natual numa banda que tem bastantes, como é o caso dos Lamb.
Regressos ao passado aconteceram com Little Things e Lusty do álbum "Fear of Fours", com Gabriel e What Sound de "What Sound" e com Gorecki e Trans Fatty Acid de "Lamb". De fora, com muita pena minha, ficou "Between Darkness and Wonder".
Repare-se ainda que Trans Fatty Acid vem terminar o concerto: isto mostra-nos como, de facto, em "5" não deixa de haver um certo retorno àquilo que foram as origens dos Lamb, mais ligados a uma crueza e acidez que, entretanto, se foi suavizando e ganhando outras matizes.
E fica também claro que, ainda assim, "5" está muito longe de ser uma mera repetição daquilo que já fora feito. O público manteve-se de pé a maior parte do tempo, abanando-se muito ligeiramente, mas demonstrando, de qualquer forma, alguma receptividade ou até mesmo algum agrado por canções novas como Strong the Root, Wise Enough, Butterfly Effect, She Walks, Existencial Itch ou The Spectacle. O que continua a desagradar-me nos concertos dos Lamb, e este não foi excepção, é a obsessão que o público tem por ouvir Gabriel, dando a nítida impressão de não se interessar por ouvir mais nada. No entanto, para aqueles que se interessem realmente pela banda, este concerto terá sido bastante positivo.
A meu ver, esta actuação pecou apenas pela escolha de utilizar quase na íntegra todos os samplers que constituem as versões de estúdio das canções. Ao contrário do que aconteceu na digressão de "Between Darkness and Wonder", de que assisti a um concerto no ido ano de 2004, desta vez os Lamb não tocam com uma banda, apenas com um contrabaixista. E esta teria sido uma boa oportunidade de dar ao público um outro lado das canções, mais acústico ou mais simplificado, que talvez tivesse bastante interesse. E estranho mais ainda esta situação ao lembrar-me que Lou Rhodes fez precisamente o contrário com os seus primeiros dois trabalhos a solo: ao passo que em "Beloved One", em estúdio, estava quase sempre sozinha, em palco apresentou-se com banda, invertendo depois essas situações em "Bloom".
É uma opção, esta de usar o samplers, discutível portanto.
Fora isso e o facto do concerto ter durado apenas cerca de uma hora, nada a dizer. Valeu a pena esperar.
1 comentário:
um concerto fantástico mas tudo muito controlado...nada de grande emoção perante o entusiasmo final do público...uma hora de concerto e FINITO!!!!
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