segunda-feira, 19 de março de 2007

Blind Zero- Time Machine: Memories Undone 1993-2007

MEMÓRIAS DE ELEFANTE


Ao fim dos primeiros 13 anos de carreira, de seis discos, e de muitos palcos percorridos, os Blind Zero editam "Time Machine: Memories Undone 1993-2007", uma espécie de Best Of ao vivo. O conceito de fazer uma retrospectiva ao vivo não é inédito (Olhemos para "Vivo" dos Clã ou "Fácil de Entender" dos The Gift.) mas merece, claro, o seu mérito, principalmente quando se fala de uma banda como esta, em que os concertos conseguem ultrapassar, e sem dificuldades, os álbuns de estúdio. "MTV Live In Milan" era uma (Literalmente.) pequena demonstração. "Time Machine..." é outra abordagem. Para começar, cobre os álbuns de uma forma mais abrangente, e depois, a selecção é calculada sem atender ao sucesso comercial etc, sendo uma colecção das melhores canções, ou pelo menos, com mais potencial ao vivo, sem a ideia de promover um dos álbuns que é necessária ao alinhamento de um concerto.
Algumas canções, obrigatórias, estão presentes ("The Down Set Is Tonight", "Skull".), outras surgem, ainda que não fosse previsível, mas ainda bem ("Absent Without Permission"; "Another One") e algumas... faltam... claro que isto é só uma opinião pessoal, mas faltava ali "Criminal Grace" ou "Nothing Else Goes", ou uma das minhas preferidas de sempre: "Wish Tonight". O álbum está muito bem equilibrado entre as canções mais melancólicas, as mais calmas ("Super8") e as mais agressivas ("You Owe Us Blood"), e é de notar a presença de um dos momentos mais intimista (Senão o mais intimista.) de toda a discografia da banda do Porto, "Sad Empire", numa versão que tem um interessante efeito secundário: perguntamo-nos qual das versões é a melhor: a de estúdio ou esta?
Momento de referência obrigatória é a versão de "Drive", dos The Cars, uma versão acústica que nem por isso deita por terra aquilo que será a alma dos Blind Zero. O vídeo está também muito bom.
No fim... nem todas as bandas se podem orgulhar de memórias assim. As escolhas da banda de Miguel Guedes podem nem sempre ter sido as mais óbvias, mas acabaram sempre por se revelar tão coerentes como decisivas na evolução que a banda atravessou e que, neste álbum, mais do que nunca, se torna evidente. Só essa visão periférica já faz a compilação valer a pena. Mas este disco é algo mais... um retrato de momentos dispersos que, ao serem colocados juntos, como uma manta de patchwork, conseguem, sem dificuldade fazer uma unidade. Ainda bem.
Mais detalhes, vídeos, etc, etc, etc no blog da banda, http://www.blindzero.blogs.sapo.pt/ por acaso bastante bom.


Juízo Final_ 19/20

1 comentário:

Adriano Narciso disse...

Bom post... bom blog!