segunda-feira, 5 de março de 2007

"Oculto" de António Hernandez

MONÓLITOS SEM RAZÃO DE SER






Fui ao Rivoli, uma das minhas salas preferidas, na Sexta Feira, ver o filme "Oculto" que passava no Grande Auditório no âmbito do Fantasporto 2007. A película, de António Hernandez é protagonizada por uma actriz de novelas colombianas, Angie Cepeda, e por Leonardo Sbaraglia, actor de nacionalidade argentina.
Em traços gerais, a história é a seguinte: o Centro Cultural onde trabalha Beatriz recebe uma palestra sobre o significado e poder dos sonhos. No final, Natália, designer de moda, expõe as suas dúvidas em relação a três sonhos envolvendo monólitos com inscrições, que acredita serem premonições. Mais tarde, Natália conhece Beatriz, através de um jornalista, uma vez que a última acredita que uma tatuagem que (Supostamente.) havia feito há seis anos atrás a relaciona com a primeira. Á medida que a história e a psicose de Natália avançam, vamos descobrindo que a conexão de Beatriz com Natália não advém dos sonhos, mas sim de uma situação mal resolvida que envolve o desaparecimento de Javier, o antigo marido de Beatriz que a havia deixado por Natália, que, por sua vez, o havia deixado a ele, precisamente no dia em que ele desaparece.
Num enredo assim, não deixa de ser irónico que a protagonista seja uma actriz de telenovelas da América Latina, conhecidas pelas seus enredos de faca e alguidar, uma vez que, por vezes, a história de "Oculto" não tem pejo em aceitar lugares-comuns de todo dispensáveis. No final do filme, também é inevitável uma sensação de que afinal, o "oculto" em que supostamente o filme vivia não passa de uma desculpa para uma narrativa que tem como assunto uma vingança, perdendo-se o tão promissor assunto dos sonhos, da sua influência e do seu significado. Referências directas a Kubric (2001:Odisseia no Espaço.) ou indirectas ao "Pesadelo em Elm Street" de Wes Craven ficam assim em suspenso, existindo sem um motivo real, mas apenas para mascarar a verdadeira massa do filme. Tudo isto exposto em sequências que não surpreendem, á mistura com frases filosóficas que se revelam descontextualizadas, misticismos sem razão de ser e cenas de sexo explícito. Resultado: uma pergunta: O que faz este filme no Fantas???



Juízo Final: 7/20

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