domingo, 21 de fevereiro de 2010

O Sótão do Nómada (um fragmento)

Uns quantos caixotes. De cartão. Alguns cobertos por lençóis. Alguns lençóis já afastados dos caixotes que tapavam. Já estive aqui. Já, antes, abri algum deles, procurei alguma coisa. Das casas.
As coisas das casas têm vindo parar ao sótão desta casa que já não habito. E enquanto for assim quase nómada, terão que aqui ficar. Dentro dos caixotes. Sob os lençóis mais puídos que fui encontrando.
Não podia ter escolhido melhor altura para rever as coisas das casas. Sorriso irónico. Não podia ter escolhido melhor altura para rever as coisas das casas do que esta, em que as coisas que das casas não podem ser empacotadas começam a partir, a partir-se. As que estão empacotadas desenterram ao serem desenterradas muitas das outras coisas e tenho saudades de cada uma das casas.

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