domingo, 28 de setembro de 2008

V

Toma o meu corpo transparente
no que ultrapassa a tua exigência taciturna.
Dou-me arrepiando em tua face
uma aragem nocturna.

Vem contemplar nos meus olhos de vidente
a morte que procuras
nos braços que te possuem para além de ter-te.

Toma-me nesta pureza com ângulos de tragédia.
Fica naquele gosto a sangue
que tem por vezes a boca da inocência.


Natália Correia
POEMAS
1955

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