Iniciou o seu percurso com as prosas poéticas de "Em Cada Pedra um Voo Imóvel", 1958, edição de autor, que conquistou o prémio de poesia Adolfo Casas Monteiro. Continuou pela prosa poética em "O Aquário", de 1959. Em 1961, integra o grupo "Poesia 61" com o folheto "Morfismos". A partir daí, publica poesia, de onde se destacam por exemplo "Barcas Novas" (1967), "Melómana" (1979) ou "Âmago 1: Nova Arte" (1985); no domínio da prosa poética acaba por esbater as separações entre a poesia e ficção com "Falar Sobre o Falado" (1988) e "Movimento Perpétuo" (1991); produz abundantemente para teatro, iniciando o seu percurso como dramaturga com "Os Chapéus de Chuva" (1961); e escreveu ainda um único romance, "Sob o Olhar de Medeia" (1998).
Reuniu a sua obra em 1974, "O Texto de Joao Zorro" e em 1990, "Obra Breve".
Foi-lhe atribuído o Prémio APE para poesia por duas vezes, "Epístolas e Memorandos" (1997) e "Cenas Vivas" (2000).
O seu último livro de poesia foi publicado em 2002 pela Quasi, "As Fábulas".
Morreu ontem, aos 69 anos, e lega-nos uma obra que não é breve, nem em quantidade nem em qualidade.
Aqui fica um poema do seu úlltimo livro
URBANIZAÇÃO
Tudo o que vivêramos
Um dia fundiu-se
com o que estava
a ser vivido.
Nao na memória
Mas no puro espaço
Dos cinco sentidos.
Havíamos estado no mundo, raso,
um campo vazio de tojo seco.
Depois alguém
urbanizou o vazio,
e havia casas e habitantes
sobre o tojo. E eu
que estivera sempre presente,
vi a dupla configuração de um campo
ou a sós em silêncio,
ou narrando esse meu ver.