terça-feira, 23 de maio de 2006
Retorno
FADO DO RETORNO
(Lídia Jorge)
Amor é muito cedo
E tarde uma palavra
A noite uma lembrança
Que não escurece nada
Voltaste já voltaste
Já entras como sempre
Abrandas os teus passos
E paras no tapete
Então que uma luz arda
E assim o fogo aqueça
Os dedos bem unidos
Movidos pela pressa
Amor é muito cedo
E tarde uma palavra
A noite uma lembrança
Que não escurece nada
Voltaste, já voltei
Também cheia de pressa
De dar-te na parede
O beijo que me peças
Então que a sombra agite
E assim a imagem faça
Os rostos de nós dois
Tocados pela graça
Amor é muito cedo
E tarde uma palavra
A noite uma lembrança
Que não escurece nada
Amor, o que será
Mais certo que o futuro
Se nele é para habitar
A escolha do mais puro?
Já fuma nosso fumo
Já sobra a nossa manta
Já vem o nosso sono
Fechar-nos a garganta
E então que os círios olhem
E assim a casa seja
A árvore de Outono
Coberta de cerejas
Foto: Henri Cartier Bresson: "Charlotte"
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário