O Café da FNAC do NorteShopping foi palco de um dos mais belos momentos do ano, e quase ninguém deu por isso. Lou Rhodes surgiu, em frente a uma plateia cheia, mas não tão cheia como deveria estar, com duas guitarras acústicas e a sua própria voz, e que voz essa!
O início, abrupto, foi feito com "Gabriel" numa revigorante versão em que Lou canta sobre samplers da sua própria voz como fundo instrumental. Comovente, sem dúvida, e surpreendente. O que já tinha sido clarificado o ano passado no concerto do cinema da Batalha, é agora confirmado: Lou Rhodes consegue redesenhar uma canção que, pela qualidade e pelo sucesso, parece intocável, novas roupagens, que a transmutam por completo.
Não obstante, sendo o motivo de reunião entre a musicien e o público, a apresentação do segundo álbum a solo da ex-vocalista dos Lamb, "Bloom", e, a título disto mesmo, seguem-se as interpretações de "Bloom" e "They Say". A primeira, apresentada como inédito na Batalha, é um emotivo turbilhão de tristeza e alegria, um misto de esperança e resignação. Musicalmente bem estuturado, boa melodia com claros traços folk. "They Say" é, no entanto, mais forte. Acompanhada duma linha de guitarra simples, mas agressiva, e ao mesmo tempo, comovente, Lou canta-nos, desesperadamente "Broken I find your clothes and dress myself in them..." materializando um medo tão familiar a todos, como a solidão ou a ausência. A terminar com vários samplers da sua voz que, sobrepostos, repetem esta frase, "They Say" é, claramente, um dos mais imponentes momentos de "Bloom", pela fusão que faz entre uma dolorosa melodia e barrocos arranjos.
De encore servem dois temas cruciais de "Beloved One", o primeiro álbum a solo de Rhodes. Primeiro, "Tremble", single de apresentação, que não perde, definitivamente, a sua força luxuriosa na versão reduzida a voz e guitarra acústica. No entanto, em "Each Moment New", brilha sem dificuldade. Canção que tanto pode ser abordada pela sua força incontornável como pela sua componente intimista, "Each Moment New" continua a ser uma canção exemplar folk, povoada de lições de uma viagem terminável, mas sem fim á vista.
Simpática, como sempre, Lou foi explicando o que cada canção era para si, e soube ser receptora do evidente carinho do público.
A repetir, mas em versão extensa e numa sala mais adequada, esperemos nós...
Veredicto: 19/20
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