quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

um soneto



Ai daquele que um dia se abalance
A procurar na vida uma alma pura!
Bem depressa verá quão pouco dura
Essa ilusão, de a sonhar não canse.

Era feliz, mas em funéreo transe
A luz se me desfez em sombra escura,
Ai de mim, era um sonho de loucura,
Um castelo no ar, o meu romance.

Desfeito o sonho que em minh´alma tinha
Dos lábios afastei a armarga esponja
E menti-te em meus versos linha a linha:

Chamei-te anjo com asas, por lisonja!
Ofélia com bom-senso e burguesinha

Contrata um bacharel ou faz-te monja!

João Penha
Novas Rimas
1905- edições França Amado
imagem: João Figueiredo


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