sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Considerações sobre Crítica de Arte

Quem tiver um conhecimento da História da Arte sabe que as coisas inicialmente se definiam por séculos: o Renascimento, o Barroco… etc. Depois começaram-se a definir por décadas. Os dias têm na mesma 24 horas, mas o tempo é “mais rápido”. Mas depois do modernismo, as pessoas dentro de uma vida, passavam por vários movimentos. Podiam ser dadaístas, depois passar pelo cubismo, pelo abstracto… por aí.
Depois deixou de falar-se destas questões e apareceram expressões como “um artista da instalação”. Ora, o artista já não era “ele”, passou a ter uma especificidade técnica, um trabalho ligado à performance, à body art, ao site specific…
Depois começou a ser os gays, as lésbicas, as feministas… (Só não vieram os machistas, porque esses eram todos os que já existiam…). Depois começa a ser os gays que fazem isto, os gays que fazem aquilo, as lésbicas que são feministas, as que não são… Tudo assim, cada vez mais emaranhado. Os que são separados, os que têm três filhos, os que cozinham…
Ou seja, não se analisa, conta-se a história da pessoa.
O que é que isto faz? Dá muito menos trabalho.
E quando essa fórmula não resulta, arranjam o neo. É tudo neo, neo, neo, neo qualquer coisa.
(…)
Em 1997 ou 98, o Óscar Faria perguntou-me se eu achava que era neo-pop. E eu respondi-lhe que preferia neo-blank.

RUTE ROSAS
Numa entrevista concedida a mim, ao Vasco Barbedo e à Ana Sofia Guimarães a 19 de Março de 2008

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