Ao longo do percurso de Isabel Lhano pela pintura, é perceptível uma obcessão pela intimidade. No entanto, as formas de a representar têm sido variadas, desde figuras de silhueta estilizada, às mulheres e homens de inspiração renascentista, até à fase em que inicia, mantendo o estilo escultórico, imagens hiper-realistas, que depois passam a desenvolver-se em monocromatismo.
Seguindo esta fase mais recente iniciada em 2005 com "Elogio do Essencial", "Nós" desenvolve-se numa linha em que a volumetria, aspecto essencial na obra da pintora, é conseguida através de gradações numa única cor. No entanto, relativamente à exposição anterior, "A Concha Quadrada", nota-se aqui uma drástica depuração: Isabel Lhano prossegue nas suas abordagens directas da intimidade, mas desta vez, fá-lo apenas com a representação de dois pares de mãos. E é o suficiente.
Através das posições muitas vezes confusas mas sempre de grande precisão, são transmitidas imagens de um maior desejo, ou agressividade, ou paixão, ou fuga, ou o que se quiser. Esta multiplicidade e complexidade de nós e de cruzamentos também resulta numa quase metáfora para um sem-número de elementos que não mãos.
1 comentário:
Gostei muito da análise. Bem observado.
Esta exposição da minha irmã resulta muito bem na sua linguagem plástica.
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