Pouso estas mãos descalças
areia de músculos
som precário
e os dedos param
divagam
depois seguem precisos
como se fossem telecomandados.
Como fazer sorrir este papel
com o teu sorriso?
Abrir nesta palavra
a tua boca?
Colocar nesta brancura
os teus cabelos?
As tuas pernas longas
raciocinam.
Erguidas sobre a cama
meditantes
ensombram de silêncio
um sexo adulto.
Armando Silva Carvalho
"Eu Era Dessa Areia"
1977, edições o oiro do dia
(esgotado)
imagem: auto-retrato de Robert Mapplethorpe (1976)
1 comentário:
Este poema é muito bom,
Gostei de reler o Armando Silva Carvalho.
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