Hoje é uma noite inteira
Vesti-me de preto, estou drogada,
encosto-me, húmida, a uma esquina escura,
com vómitos, e a tremer. Vejo rasgadas
as minhas meias negras, nos joelhos.
Terei caído. A cidade oscila,
os olhos vêem-na tremer, sem luz.
Seguro ainda, com estas garras,
a bolsa que roubei no bar.
Alguém me apalpa e vai ferir-me, rio,
rouca, de baba na boca, e oscilo.
Roubaram-me agora a bolsa, grito
roucamente, e caio de novo no
passeio, muito branca.
ALICE CORINDE, 2º de 6 inéditos publicados na colectânea "Amor Luxúria e More", 1985
imagem: RAY CAESER
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