segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Sobre “A Casa do Incesto” de Anais Nin

Demorou cerca de um mês e meio a minha leitura de “A Casa do Incesto”.
Escrito em 1949, este conto gira em torno de Sabina, personagem que reaparecerá nos romances da escritora, por exemplo “Uma Espia na Casa do Amor”. Sabina é inspirada em June Miller, segunda mulher de Henry Miller, e que inspirou a este último a sua Mona, personagem de, entre outros, “Trópico de Câncer” e “Sexus”.
Esta enigmática mulher, corrupta e obscura em Miller, é, em Anais Nin uma heroína, autêntica beauty queen descrita e vivida com toda a beleza e sensibilidade.

E é precisamente nesta poesia que “A Casa do Incesto” perde: é excessivo, descrevendo até à exaustão os pormenores, poeticamente sim, mas também em demasia, retirando a possível segunda leitura que o leitor poderia fazer. No meio de tudo, a história é secundarizada, acabando eventualmente por se perder.
Famosa pelos seus diários, é num deles que podemos ler uma carta escrita por Henry Miller em que este afirma que a obra de Anais Nin é “mais profunda e mais bela do que nenhuma outra”. Profunda é, bela certamente. No entanto, é em demasia, e acaba por ser difícil de ler e de retirar alguma coisa dela.

9 comentários:

your poison melody disse...

é excessivo? acho que nao conseguiste perceber a dimensão do livro...esse excesso faz parte do clima em que o livro se envolve...esse livro é brutal..não é em demasia...é qb...

Supermassive Black-Hole disse...

discordamos.

percebo a essencia do livro. No entanto, não retiro nada daquilo que disse.
o excesso de poesia é para mim mais do que evidente. o mesmo assunto surge e ressurge com demasiadas metáforas. a história agrada-me, assim como algumas das passagens e a introdução. No entanto, no geral, não posso dizer que o considere um bom livro.
estou agora a passar pelos contos de "Delta de Venus". Veremos.

Anónimo disse...

concordo. é excessivo. parece-me ser, na realidade, um conto para donas de casa desesperadas, que gostam de ler porque as ajuda a ultrapassar a dor de corno ou outra.

essa poison melody... dimensão do livro? cerca de 40 páginas, julgo eu. "o excesso faz parte do clima em que o livro se envolve"? então, como o clima é mau, o livro deve ser mau também. se ela me diz que é brutal, deve ser uma dona de casa desesperada a curar a dor de corno...

Supermassive Black-Hole disse...

de anais nin, alguns contos de DELTA DE VENUS, e o romance UMA ESPIA NA CASA DO AMOR, apesar do péssimo título, é digerível.

Já Henry Miller dizia da Casa do Incesto:

"tem demasiados suspiros, demasiado arfar..."

Graça Martins disse...

Evidentemente, essa expressão do Henry Miller sobre a escrita da Anais Nin é famosa. Anais Nin foi uma menina que casou com um milionário, teve uma rica vida(e fez ela muito bem), entre a frivolidade, o papel de escritora e a liberdade de costumes. Assim viveu e assim morreu. Tudo bem. Para quê exigir mais.

your poison melody disse...

(lol...nao e pela quantidade de paginas que se mede a dimensão de um livro ..god!!!) Miller,miller é brutal...uma coisa não invalida a outra. e eu percebo-te...penso que a escrita dela é feminina demais...esse arfar...Espero que gostes mais dos contos...
Dona de casa desesperada?!Lol..god...que ser é este supermassive?lolololol

Supermassive Black-Hole disse...

tudo o que posso dizer é que gosto muito da serie (Donas de Casa Desesperadas)

Anónimo disse...

o que eu queria dizer é que o livro nao tem dimensao nenhuma a nao ser a das paginas.

e se a escrita é feminina demais, ela nao é uma boa escritora, porque uma boa escritora é feminina e masculina, escreve para ambos os sexos.

como o Miller.

Anna Leão disse...

Cabe aos homens tentarem alcançar os mistérios da alma feminina, e não a nós facilitarmos esse processo!