quarta-feira, 23 de setembro de 2009

um poema



nasci um dia
da raça mais triste da terra
do sexo perfumado

na quietude dos canaviais
à hora erma da copulação
do amor efémero dos seres

sou da geração mais perdida
mais infinitamente solitária
da geração vivida um dia
à margem dos desertos
com esplendores de sóis no ventre
a tatuagens irisadas nas mãos
fiquei pelas dunas
nostálgica e estática
soletrando amor
sensualmente dizendo um nome
de homem quase-divino sensível
um nome de ecos na paisagem


Wanda Ramos
"Nas Coxas do Tempo"
1970- edição da autora
ilustração de António Ferra

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