Como qualquer pessoa que aprecia um bom espectáculo com caras conhecidas e falado em português, reservei os últimos quarenta e cinco minutos para ver o debate entre José Sócrates e Paulo Portas.
Adianto já que, para mim, o vencedor é Constança Cunha e Sá, que saúdo solenemente. Foi a minha preferida porque conseguiu passar os quartenta e cinco minutos sem acusar os senhores de nada, sem usar a palavra "demagogia" e, o mais surpreendente, sem atirar com objectos contundentes à testa dos líderes em questão.
Relativamente aos dois senhores propriamente ditos, não estiveram tão bem como a moderadora. Mesmo assim, recebem crédito por uma coisa: nunca imaginei que um debate entre a direira portuguesa desse tanta discussão. É que mesmo sendo ambos de direita, não pareciam estar de acordo em nada.
De qualquer maneira, devo dizer que, no que toca a discussões, já as ouvi mais sugestivas em mesas de café. De facto, este debate define-se assim: Sócrates acusa Paulo Portas de demagogia e atira-lhe com funny facts do seu passado político. Portas acusa Sócrates de ser um falhado. Sócrates faz, acima de tudo, propaganda dos seus feitos como primeiro-ministro.
O mais sinistro de tudo foi que, por duas ou três vezes, acabei por dar razão a coisas que Paulo Portas dizia. Estranho. Nunca me tinha acontecido.
Ao longo do debate, Portas referiu a subida dos impostos, do desemprego, da insegurança... coisas que o primeiro ministro negou, apesar de todo o país saber que são verdade.
O líder do CDS-PP pontuou ainda quando referiu a relação professores-ministério da educação, em praticamente tudo o que disse: que o governo do PS virou os professores contra os pais contra os alunos contra a opinião pública, enfim, virou tudo contra tudo. Mais ainda, gabo-lhe ter referido as eternas burocracias, o facilitismo, o ridículo dos moldes da avaliação dos professores, e, tiro a Portas o chapéu principalmente por ter referido que o pior erro de Sócrates foi ter atirado para o mesmo saco os professores sem brio profissional e os com brio profissional.
Quanto ao Primeiro Ministro, que nada disse sobre as suas intenções para os próximos quatro anos, caso seja eleito, acho que já chega daquele discurso de, nas palavras de Paulo Portas "culpar o passado ou culpar o mundo". Aquele discurso de que a oposição só o ataca e não lhe dá elogios nenhuns faz lembrar quando Santana Lopes dizia que o seu governo era um bebé numa incubadora a quem os outros bebés só davam pontapés.
2 comentários:
Eu tambem dei uma espreitadela ao debate (como nao me divirtiu muito e a discussao nunca ferveu, nao o vi todo) e dou-te razao Joao. O sr. engenheiro só ia buscar os funny facts para se defender. Se bem que a psicologia do Portas seja numa de nao olhar olhos nos olhos, o tratamento era "este primeiro ministro", com distância e arrogância, tinhoso como ele é. Mas como esta nao é a caixa de comentarios do Publico online nao me vou esticar. So digo que para ser Freddy vs Jason tinha de haver mais luta e nao foi assim.
Bem, não confundas o que eu digo...
Antes me partissem as mãos do que eu votar no Paulo Portas. A minha constatação, bem como a minha maior tristeza política é simples: que raio de político que se diz de esquerda é josé sócrates, se num frente-a-frente com um gajo de direita fica a parecer mais reaccionário e incompetente...
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