quarta-feira, 15 de julho de 2009

Nova, Nova, Nova, Nova!


Não era a minha alma que eu queria ter.
Esta alma já feita, com seu toque de sofrimento
e de resignação, sem pureza nem afoiteza.
Queria ter uma alma nova.
Decidida, capaz de tudo ousar.
Nuna esta que tanto conheço, compassiva,
torturada, de trazer por casa.
A alma que eu queria e devia ter...
Era uma alma asselvajada, impoluta, nova, nova,
nova, nova!


Irene Lisboa
"Outono Havias de Vir"
1937, edições Seara Nova.


imagem: fotografia interior de um pormenor de
SPLITTING de Gordon Matta-Clark

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